A cana-de-açúcar pede água

Por Thomaz Penteado

            O título deste post segue uma tendência prevista por especialistas do setor sucroalcooleiro, pesquisadores e profissionais do campo. Muito antes deste ano de seca extrema no sudeste brasileiro, o grupo que formou o projeto “Cana Pede Água” já antevia a necessidade de se irrigar determinadas áreas do noroeste paulista para não ocorrerem perdas significativas de produtividade dos canaviais. Os produtores nordestinos e australianos já se utilizam de irrigação permanente a muito tempo, garantindo a produção em suas regiões.

            Recentemente foi divulgado o primeiro seminário brasileiro de irrigação de cana-de-açúcar com água (não vinhaça), o Irrigacana, organizado pelo GIFC (Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açúcar) que debaterá sobre uma maior difusão sobre o assunto irrigação de cana e o manejo da água direcionado para o aumento da produtividade e recuperação do setor sucroenergético no Brasil. Além disso, o governo federal representado pela SENIR (Secretaria Nacional de Irrigação) solicitou um estudo sobre a “Análise Territorial para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada no Brasil”, onde segundo o secretário nacional de irrigação, o objetivo é gerar uma configuração do território brasileiro capaz de orientar a execução de políticas públicas de irrigação e o desenvolvimento de um sistema de consulta automatizado, visando ao uso gerencial dos dados produzidos pelos gestores, apoiando o processo de tomada de decisões quanto ao direcionamento dos programas e projetos de agricultura irrigada pelas regiões do país.

            Tais iniciativas são de extrema importância para o futuro da indústria da cana no Brasil assim como a alavancagem da produção do etanol 2G e da manutenção das usinas no setor. É louvável a iniciativa do governo de se buscar um mapeamento de possíveis áreas a serem irrigadas, não só para a cana, mas demonstrando a importância de se gerir a água doce e a irrigação de forma séria e planejada. A Coplacana em Piracicaba estima      20% de queda de produtividade para os canaviais da região e quebra de safra geral. Para se evitar esse tipo de problema, os produtores de cana terão que começar a pensar em irrigar ao invés de somente torcer por chuva que não chega.

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Thomaz Penteado
Graduando em engenharia agrícola na UNICAMP. Trabalha com avaliação de terras. Escreve sobre recursos hídricos, bioenergia, cafeicultura e geotecnologias.

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